22 de julho de 2009

Miau

Eu ganhei meu primeiro gato aos 8 anos. Era uma fêmea toda rajadinha de branco, amarelo e cinza. Ela nasceu na cadeia de Itabira /MG, onde minha mãe fazia um trabalho na pastoral carcerária. Todas as terças-feiras eu saía da escola onde estudava, e na qual minha mãe também dava aulas, e ia pra cadeia com ela. Um dia eu estava lá brincando num corredor do lado de fora, quando ouvi os miados fininhos que vinha de uma das celas. Eram dois gatinhos, tinham um mês mais ou menos, e os presos estavam tomando conta, porque a mãe tinha sumido. Um casal de filhotes, um macho cinza, todo rajado de branco e a fêmea.

Foi um custo convencer minha mãe a deixar levar a gatinha. Ela aceitou cheia de ressalvas, e lá fui eu eu com a bichinha no colo, lutando pra segura-la num fusca balançando.

Chegamos em casa, soltei a gatinha, que ainda não tinha nome, e ela foi explorar o lugar. Ela se escondeu dentro do forro do fogão ( em 1988 os fogões não eram "blindados" como hoje). Depois de alguns dias já estava acostumada com o lugar, com as várias pessoas que moravam em casa, com a rotina, comigo. Ela viajava conosco. Ia para a fazenda do meu avô nas férias, se misturava aos outros gatos, mas no dia de voltar, era só chamar que ela nem pestanejava: vinha para o colo. Parecia que sabia que era hora de ir embora. Ela nunca fugiu ou sumiu por um tempo. Ficava na varanda de casa, olhando a rua, namorando gatos que ousavam subir a escada. Eu nunca tive coragem de castrá-la, e ela por outro lado nunca teve filhotes. Infelizmente eu não tenho nenhuma foto dela. A perdi quando eu tinha 14 anos. Ela morreu, e eu quem achei seu corpinho, no jardim embaixo de casa. Foi meu pimeiro bichinho.

Demorei 13 anos pra aceitar ter outro gato por companheirinho.

E na manhã de uma terça feira (coincidência?), dia 16/01/2007, estava eu na Escola de Veterinária da UFMG, adotando um outro gato, um macho, cinza todo rajado de branco (rs.). Ele já tinha três pra quatro meses de vida, e foi encontrado na mata da universidade com as costas bem machucadas. Já tinha um mês que estava sob os cuidados do Hospital Veterinário, e claro, tinha sido castrado e estudado a exaustão. Esse eu batizei logo de cara, dentro do carro: COSMO.


Ele também se escondeu, também me deixou preocupado, e me surpreendeu por já reconhecer a caixinha de areia logo de cara. Por não gostar de comida humana, só gostar de tomar água das torneiras, de jogar pecinha por pecinha de ração na água e pegar com a patinha e levar a boca, uma a uma (juro, tenho provas, inclusive). Me surpreende todos os dias, quando vai ao meu quarto pontualmente as 06h10 me acordar, de segunda a sexta (nos sábados e domingos nós não temos horário). Me surpreende por vigiar as visitas que dormem em casa, mas jamais dormir com elas. Por pedir a todos que chegam pra abrir a janela, com seu miado meloso. Por passear no jardim, mas sempre voltar na mesma hora.

Pra quem diz que gatos são traiçoeiros, que gostam da casa e não dos donos, o Cosmo já se mudou conosco tres vezes nos últimos anos. E vai pra quarta mudança no mês que vem.

Ele nunca saiu de perto da gente. E sinto que nunca vamos nos deixar.

2 comentários:

Erika disse...

Só um detalhe.. Acordei já umas 3 vezes [ou mais!] com o Cosmo do meu lado... =P

Igorgc disse...

COSMOOOOOOOOOU ! KOASKOPASKOP'MUITO FOFO ELE .__.